Gewiß, so liebt ein Freund den Freund,
Wie ich Dich liebe, Rätselleben –
Ob ich in Dir gejauchzt, geweint,
Ob Du mir Glück, ob Schmerz gegeben.
Ich liebe Dich samt Deinem Harme;
Und wenn Du mich vernichten mußt,
Entreiße ich mich Deinem Arme
Wie Freund sich reißt von Freundesbrust.
Mit ganzer Kraft umfaß ich Dich!
Laß Deine Flammen mich entzünden,
Laß noch in Glut des Kampfes mich
Dein Rätsel tiefer nur ergründen.
Jahrtausende zu sein! zu denken!
Schließ mich in beide Arme ein:
Hast Du kein Glück mehr mir zu schenken
Wohlan – noch hast Du Deine Pein.
Nietzsche y Lou Andreas Salomé. Grau-Santos.
"Situa-se
também neste período intermédio [Gaia
Ciência]
o
Hino à vida (para coro misto e orquestra), cuja partitura
apareceu
há dois anos na editora E. W. Fritzsch, em Leipzig: sintoma talvez
não insignificante para o meu estado de espírito nesse ano, em que
o pathos afirmativo par excellence, por mim chamado o pathos trágico,
me era inerente em sumo grau.
Hão-de mais tarde cantá-lo em minha
memória. – O texto, anote-se expressamente, porque a este respeito se
divulgou um mal-entendido, não é da minha lavra: constitui a inspiração
assombrosa de uma jovem russa, com quem então eu estava em
relações de amizade, a menina Lou Von Salomé.
Quem das últimas
palavras
do poema souber inferir um sentido adivinhará porque é que o
estimei e admirei: têm grandeza. A dor não aparece como objecção contra
a vida: «se já não tens alegria alguma para me dar, bem! tens
ainda a tua dor...» Talvez a minha música tenha
também grandeza nesta passagem".
(Nietzsche, Ecce Homo - grifei)
A partir do Hino à vida, de Lou Salomé, F. Nietzsche expressa o que ele nomina de pathos trágico, expressão máxima da afirmação da vida para o “filósofo do martelo”. Sem pretender romantizar demais Nietzsche, vejo expresso aqui a concepção heroica do romantismo, como expresso no pensamento de F. Schlegel. O heroi é aquele que vive e morre por seus ideais.
ResponderExcluirEssa concepção heroica é celebrada pela Sinfonia nº 3, Eroica, Op. 55, de Ludwig van Beethoven, compositor outrora enaltecido por Nietzsche. Logo no segundo movimento, Beethoven apresenta uma marcha fúnebre, seguida de um alegro vivace e prosseguida por um allegro molto. Como está composta, o segundo movimento parece não expressar o fim, o fracasso da vida, a derrota do herói, que, em seguida, é ovacionado. Os movimento seguintes parecem retomar o tema heroico do primeiro movimento, e afirma, ainda ante a dor e morte, a supremacia do heroi. A Sinfonia é composta ainda em Mi Bemol Maior, considerado por Beethoven o tom heroico por excelência, mudando para Dó Menor, no segundo movimento, tom trágico por excelência para o compositor, retomando o tom original a partir do terceiro movimento. Assim, Beethoven parece associar o pathos trágico à condição inerente a todo heroi, àquele que, homem entre os homens, é também o “além homem”.
Aqui fala o pathos trágico. Aqui a vida é enaltecida em toda a sua potência. Não é uma dor pela dor, um sofrimento pelo sofrimento, nem mesmo desejar o sofrer esperando algum galardão de recompensa posterior. É a vida que reclama existência, afirmação. Como já dissera Nietzsche em A visão dionisíaca de mundo: “Não é indigno dos grandes homens permanecerem vivendo, ainda que como um trabalhador diarista”.
O pathos trágico não privilegia, pois, algumas paixões em detrimento de outras. Se para ser forte, é preciso enfrentar a dor, pois que venha. Só não é válido o que não faz por e pelo pathos, ou, se se quiser, pela própria vida; não uma dor que aniquila a vida propositalmente, mas uma dor que faça sentir-se vivo.
Lucas Viana Silva (Esp. em Filosofia Ética e Política e Estética)
"Quem sente dor quer viver". (Nietzsche)
ResponderExcluirProfessora Ellen depois do encontro da quarta-feira, consegui compreender este exímio texto! Tal exautação ou elogio a Dor relatado neste breve texto remete ao que foi mencionado sobre Schopenhauer em nosso segundo encontro. A arte para SCHOPENHAUER seria a fuga, a medicina espiritual para as inquietações existenciais e tal exercicio vincularia ao ideal de prazer. Mas a criatura humana é criatura de vontade e desejo, desejos insensantes! Quando o prazer se esvai, instaura-se o tédio e para este não há cura ou remédio. Schopenhauer propõe duas saidas: Uma conduta ascetica como tentativa de conviver com o tédio ou uma conduta de auto-afirmação (vinculado a um ideia de vontade, vontade de vida, de viver) que remete a esta vontade de querer estar vivo e numa busca incesante procurar pelo viver, pela vontade de vida. Nietzsche é favorável a esta segunda, pelo que compreendi.
ExcluirE sobre o trecho " A dor não aparece como objecção contra a vida: se já não tens alegria alguma para me dar, bem! tens ainda a tua dor..." Isso me lembra muito bem uma citação do pensador dinamarquês Kierkegaard quando o mesmo diz que "Posso graças a minha força, encontrar equilibrio e repouso na dor" (temor e tremor). Se já não temos mais alegrias, entreguemo-nos a dor, pois a dor é a pópria vida! Podemos ainda colher frutos através da mesma...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConforme Nietzsche de : " Quem sente dor quer viver". Schopenhauer vos sustentará a este " pathos" como representamos inevitavelmente a um " Mesquinho papel de cômicos " que cada existência humana, vista de longe e de alto apresenta-nos sempre ao Espetáculo trágico .
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