"Se nos é lícito, portanto, considerar a poesia lírica como a fulguração imitadora da música em imagens e conceitos, neste caso podemos agora perguntar: como é que aparece a música no espelho da imagística e do conceito? Ela aparece como vontade, tomando-se a palavra no sentido de Schopenhauer, isto é, como contraposição ao estado de ânimo estético, puramente contemplativo, destituído de vontade". (NIETZSCHE, 1992:50)
Narciso, c.1597-99
Caravaggio, [Michelangelo Merisi da Caravaggio](1571-1610)
óleo sobre tela, 110 x 92 cm
Galeria Nacional de Arte Antiga, Palazzo Barberini, Roma
Nietzsche evidencia destacadamente (cp. 6) que não se trata de uma essência da vontade, mas de uma manifestação, de uma aparência para falar da música. O in-dividuum converte-se em di-viduuum: o lírico consegue observar a sua imagem segundo a aparência da vontade e, num ímpeto de insatisfação, divide-se em imagem e intérprete. A condição do gênio apolíneo é hermenêutica: dá-se uma interpretação da imagem do querer. Há uma apreensão de algo juntamente com aquele que apreende.
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