Fonte da pintura:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caspar_David_Friedrich#/media/File:Caspar_David_Friedrich_-_Wanderer_above_the_sea_of_fog.jpg
Esta pintura é intitulada Der Wanderer über dem Nebelmeer (O viajante sobre o mar de névoa) e foi feita por Caspar David Friedrich em 1818. Esta obra, que pertence ao período do romantismo, tem alguma relação com a ideia do andarilho, noção desenvolvida por Friedrich Nietzsche?
“A obra artística de Caspar David Friedrich, imersa em uma
luz crepuscular, constitui-se, talvez, no corolário dessa perspectiva, em que o
“olho espiritual” e não o “olho do corpo” dialoga com o mundo exterior, como em
um processo mediúnico.” (CHAVES, 2005, p. 277)
A obra romântica não teria o olho do corpo, mas sim o olho
espiritual, e, assim, não seria como um andarilho ou o espírito livre, que se
desprenderam das categorias metafísicas, incluindo o olho espiritual, e
buscando aquilo que é pertencente a uma filosofia histórica, a uma filosofia
científica, que são consideradas a partir de um novo ponto de vista: o corpo.
Assim, esta obra não representaria o andarilho de Nietzsche. Entrentanto,
Nietzsche afirma em Humano, demasiado humano II:
“237. O andarilho fala para si mesmo na montanha. — Há
indícios seguros de que você avançou e subiu: agora o espaço é mais livre e a
vista mais ampla ao seu redor, o ar que o envolve é mais fresco, mas também
mais suave — você desaprendeu a tolice que era confundir suavidade com calor —,
seu andar se tornou mais vivo e mais firme, ânimo e circunspeção cresceram
conjuntamente: — por todos esses motivos, seu caminho agora pode ser mais
solitário e, em todo caso, mais perigoso do que o anterior, embora não tanto,
certamente, quanto acreditam aqueles que, do vale nebuloso, o veem caminhar
pela montanha.” (NIETZSCHE, 2008, p. 111-112)
Um julgamento de que, neste aforismo, Nietzsche estaria
descrevendo a pintura acima, seria totalmente equivocado? Nietzsche é
romântico?
CHAVES, Ernani. O trágico, o cômico e a
"distância artística": arte e conhecimento n'A Gaia Ciência, de
Nietzsche. Kriterion, vol. 46, nº
112, Belo Horizonte, Dezembro de 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/kr/v46n112/v46n112a11.pdf>. Acesso em 2 mai. 2015.
NIETZSCHE, Friedrich. Humano,
demasiado humano: um livro para espíritos livres volume II. Tradução, notas
e posfácio de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.